quarta-feira, 14 de maio de 2008

VOZES DO CEMUNI3

1º Momento: Diagnóstico Preliminar

Questões levantadas formalmente e informalmente por professores, alunos e funcionários durante o tempo em que estamos habitando o CEMUNI III... portanto, espaço aberto para manifestações virtuais e presenciais...

...ainda habitamos o cemuni3 ...

[ENSINO]

1. Foi relatado por vários alunos o comodismo por parte de alguns professores e deles mesmos. Se um professor entra na sala sem vontade de dar aula, não há como querer que o aluno se interesse pela matéria. Por outro lado, a recíproca também é verdadeira: alunos desinteressados não estimulam os professores a darem boas aulas. Não sabemos como resolver isto. Mas deve haver alguma solução. “Se por um lado alguns professores não cumprem plenamente a tarefa de educar, orientar e despertar o interesse dos alunos, os últimos pouco se envolvem com questões que permeiam sua própria formação como indivíduos, arquitetos urbanistas, cidadãos críticos. Não cabe apontar de quem é o erro. É urgente e fundamental o engajamento de todos” (reivindicação de aluno em uma reunião aberta). De qualquer forma, houve a cobrança de que os professores estejam dentro das salas, mas não só fisicamente. Há uma reivindicação, de maneira geral, de que os professores dêem as aulas e que as mesmas sejam planejadas previamente. E, sempre que possível, que os alunos tenham conhecimento prévio do que será dado em cada aula.

2. Em algumas disciplinas, os alunos não vêem a relação que as mesmas têm com a arquitetura, o que, naturalmente, os leva a questionar: “Para que estou aprendendo isto?” Em outras disciplinas, a falta de interesse do professor em se preparar para a aula reflete diretamente nos alunos, desestimulando-os. Em outros casos, ainda, os alunos reconhecem a boa vontade do professor, mas acreditam que a disciplina poderia ser mais estimulante se houvesse troca com outras disciplinas (reivindicação recorrente quanto às disciplinas de projeto entre si – PA-PA, PU-PU, PA-PU-PAISAG, incluindo aí Conforto Ambiental aplicado a essas disciplinas – e com disciplinas do Centro Tecnológico – Sistemas Estruturais, Instalações Técnicas e Tecnologia das construções). No caso das disciplinas de Teoria e História, o estímulo poderia vir através de uma maior troca com a própria cidade, por exemplo. Por último, algumas aulas foram consideradas monótonas pelo uso massivo do aparelho de data-show. Os alunos sentem muita falta de discussões em sala de aula.

3. Sobretudo os alunos do início do curso (Primeiro Bloco) não vêem ligação entre as disciplinas e não sentem uma evolução verdadeira (não sabem se aprenderam em PA II mais do que em PA I, e assim sucessivamente). Estes consideram as disciplinas introdutórias como fundamentais como forma de resolução dos problemas listados acima (Introdução à Arquitetura, THAU I, PA I, DA, por exemplo, são disciplinas que poderiam costurar estes conteúdos, servindo para fornecer ao aluno iniciante um panorama geral do que o Departamento entende enquanto Arquitetura e Urbanismo, estabelecendo pontes entre as diversas matérias e estimulando-os. Mas isto só acontecerá se, antes de qualquer coisa, houver planejamento semestral e encadeamento vertical e horizontal entre as disciplinas).

4. “Não há uma preocupação por parte da administração do curso com relação às matérias que ficam sem professores, acabamos ficando meses sem algumas delas” (relato de aluno). Outra preocupação é referente à semana de apresentação dos trabalhos de graduação – uma semana praticamente sem aula, o que pode comprometer o conteúdo.

5. Os alunos observam uma defasagem em relação a temas recorrentes à arquitetura e ao urbanismo contemporâneos. Questões de sustentabilidade, habitação, meios de representação gráfica e processo criativo não são abordadas da forma como poderiam. Não há centro de pesquisa de tecnologias ou, se há, não temos acesso. Não há um espaço de experimentação manual de formas tridimensionais, já que o galpão do CAr não contempla maquetaria.

6. O acervo bibliográfico é antigo, com poucos livros recentes. O acervo é bom somente na parte histórica, pois na parte tecnológica e de arquitetura contemporânea está defasado.

7. Os alunos questionaram a possibilidade de haver mais professores. E de discutir a necessidade disso.

8. Continuamos com problema com as optativas.

9. Os alunos demonstram interesse em saber o que é produzido nos outros períodos. Não há apresentação pública. Não se expõe mais os trabalhos realizados durante os períodos. As orientações são feitas em sala de aula, mas a produção é confinada nas casas dos alunos ou nos laboratórios. Não há coletivização das discussões.

10. Necessidade de revisão de programas das disciplinas. Alguns programas ou estão defasados ou não têm sido cumpridos de fato como deveriam. Observar se está havendo sobreposição de matérias nas disciplinas, sobretudo nas de Teoria e História. Deve haver um acompanhamento maior por parte do Departamento das disciplinas ministradas pelos Professores do Centro Tecnológico, visto que ementas e programas das disciplinas são modificados arbitrariamente. “O envolvimento dos professores inclui aí as disciplinas que nos oferecem os outros departamentos, já que, por ignorância, subestimam nossa formação e competência” (relato de aluno).

11. Reivindicação generalizada de revisão do encadeamento horizontal das disciplinas de um mesmo período (“buracos” entre as aulas).

[ENSINO _ PÓS_GRADUAÇÂO]

1. Os alunos reconheceram a necessidade de conhecer melhor as estruturas acadêmicas. Uma das questões levantadas diz respeito ao fato de que haverá um número cada vez maior de alunos do mestrado ministrando aulas da graduação. Reivindicação de uma estrutura interna do Departamento que regulamente isso. Quais os critérios para monitoria para a graduação? Se há legalidade, qual a porcentagem de aulas sem a presença do professor efetivo? Existe um estatuto do mestrado ou da graduação que regulamente isso? Se houver temos como ter acesso? Se o professor não está presente como será feita a avaliação dos monitores? Não haveria a necessidade de uma disciplina na grade do mestrado de didática (aos moldes da USP_ Programa de Ensino e Aprendizado – PEA)?

2. Os alunos gostariam de poder ter acesso a algumas matérias do Mestrado como optativas para os alunos finalistas. Seria uma forma de intercâmbio salutar entre graduação e pós-graduação, ponte entre conhecimentos, fomento de futuros interessados no curso de pós-graduação.

3. As aulas que os professores dão no mestrado não os isentam de dar aulas para a graduação. Necessidade de saber como está a carga horária dos professores. Há sobrecarga? Desvio de carga horária da graduação para a pós-graduação? Há o comprometimento do tempo de planejamento e preparação para as aulas da graduação? E o tempo para troca entre os professores da graduação, existe ou foi comprimido?

4. Quais são os critérios e proporções por semestre da saída de professores para mestrado, doutorado, seminários, eventos, encontros? Esse tipo de intercâmbio só faz sentido se for transposto quantitativamente e qualitativamente nas aulas, sendo o esvaziamento da sala de aula um contra-senso.

[ENSINO _ REPRESENTAÇÃO ESTUDANTIL]

1. “Falta liderança e representação estudantil. Não há uma estrutura clara existente e funcionando. A carga horária limita nossa articulação”.

2. Não há eleição para o Centro Acadêmico com regularidade. Quando há, é feita informalmente demais.

3. Os alunos não se sentem à vontade para entrar no CALAU. É livre no nome, mas não na prática. Um dos motivos apontados foi a homogeneidade na composição das últimas administrações.

4. O Centro Acadêmico não tem cumprido seu papel de levar as reivindicações dos alunos para o Departamento. Ao mesmo tempo, essas reivindicações não chegam ao CALAU. A representatividade está esvaziada, refletindo o esvaziamento generalizado do curso.

5. O Centro Acadêmico não têm tido representatividade na escala do colegiado. Não há um Diretório do Centro de Artes. O que há é um Diretório Acadêmico que congrega os cursos de Artes Visuais e Artes Plásticas.

6. Não acontece uma Semana de Arquitetura no início do período.

[ADMINISTRATIVOS]

1. Problemas com a atual Chefia de Departamento: maus tratos com alguns alunos e técnicos administrativos; recusa em cumprir sua função de chefia. Com registros inclusive na empresa prestadora de serviços BRASLIMP e na ouvidoria por parte dos alunos.

2. Assumir o cargo de Direção do Centro isenta o professor da tarefa de dar aula. Isso gera um buraco no quadro. O mesmo em relação ao professor que foi cedido para a Prefeitura de Vitória.

3. Os professores que assumem o cargo de Coordenação de Curso ficam visivelmente sobrecarregados, sobretudo com questões de secretaria.

4. “Por que somente os professores podem assumir cargos de chefia de departamento e de direção de centro, se há uma conjunção partilhada de interesses dentro da universidade (alunos, professores e funcionários), sendo que algumas atribuições de gerência e administração os professores não tem o perfil de desempenhar?”(questionamento de técnico-administrativo).

[PESQUISA _ EXTENSÂO]

1. As revistas, publicações, relatórios e artigos realizados durante as Pesquisas e os Projetos de Extensão não são acessíveis a todos os alunos, pois não há cópias dos mesmos na Biblioteca.

2. Não há uma apresentação regular e pública da produção e resultados das pesquisas de alguns Núcleos ou Grupos de Pesquisa.

3. O material bibliográfico conseguido pelos Núcleos de Pesquisa, através de fontes de fomento como, por exemplo, a FACITEC não tem sido repassado à Biblioteca Setorial, sendo que há um termo de doação que tem que ser formalizado: Como está sendo feito esse procedimento? Os fundos de apoio têm conhecimento desses procedimentos? Se tem como está sendo a divulgação e acesso dos alunos aos livros? Observa-se que o conteúdo de tais livros é bem mais atualizado do que os que a Biblioteca possui.

[INFRA _ ESTRUTURA]

1. O prédio é subutilizado. Das 07 (sete) às 09 (nove) horas da manhã, por exemplo, há pouquíssimas aulas acontecendo dentro do prédio CEMUNI III. Em alguns dias, não há qualquer aula sendo dada neste horário. Algumas salas não são utilizadas para dar aula.

2. O edifício poderia ser mais bem distribuído. Nosso espaço físico (divisões de salas de aula) não privilegia uma produção de arquitetura que integre amplamente todo o conteúdo discente e docente.

3. As aberturas não têm permitido uma boa ventilação, posto que muitas das que ficam voltadas para o pátio não costumam ser abertas. A temperatura dentro das salas já foi, inclusive, motivo para que a aula não fosse dada. E é um dos motivos alegados para que as aulas do CT não sejam dadas aqui, será esse o argumento?

4. O edifício não possui boa acessibilidade, mas já tem rampa, mesmo que com inclinação inadequada. A sinalização é mal-feita, dentro e fora do prédio.

5. As instalações são antigas. Há goteiras, entupimentos, tomadas que não funcionam, ventiladores que não ventilam, lâmpadas que não iluminam suficientemente. O problema com as goteiras perdura há, no mínimo, seis anos. Nunca foi totalmente resolvido.

6. A estrutura de pranchetas, mesas e cadeiras é precária Covardia passar 3 a 4 horas sentados em banquinhos (relato de aluno). Os aparelhos utilizados estão defasados e sucateados. Os professores precisam trazer seus equipamentos para uma melhor condição de aula. Os professores consideram que o número de datas-show é suficiente? Os móveis do Departamento, de maneira geral, também se apresentam em más condições.

7. No que diz respeito à limpeza, é visível que deveria ser melhor. E os alunos assumem a culpa parcial disto, já que os mesmos não observam regras mínimas de convivência comum, como jogar papel no lixo e não deixar as garrafas de refrigerantes espalhadas pelo CEMUNI.

8. Os banheiros não têm sido limpos com a freqüência desejada. Ainda que fossem, o mau-cheiro permanente indica que pode haver problemas da própria instalação. No banheiro masculino, por exemplo, há um mictório inutilizado há pelo menos um ano e os outros dois freqüentemente apresentam problemas de entupimento, além de um vaso sanitário que a descarga não funciona.

9. O bebedouro foi trocado recentemente, mas parece que a caixa d’água que o alimenta não possui tampa, além disso, não há registro que a caixa d’água foi limpa há muito tempo.

10. Ao ceder espaço físico para a cidade, a Prefeitura, em contrapartida, se comprometeu a realizar obras no campus. O Centro de Artes ainda não foi contemplado com o que foi proposto, que é o edifício da cantina e da biblioteca, sendo o único centro em que ainda não foram iniciadas as obras.

11. Existe a demanda de um espaço em que os alunos pudessem guardar seus materiais (como maquetes, por exemplo).

12. Aonde serão alocados os computadores novos que chegaram à Secretaria do Centro de Artes? O que esperam para serem disponibilizados para os alunos? Seguirá o mesmo destino dos equipamentos da comunicação social, encaixotados até a obsolescência? Existe uma demanda crescente por tais equipamentos inclusive os de menor desempenho que poderiam ser alocados em ateliers de projeto para suporte às aulas, por exemplo.

[PONTOS _ POSITIVOS]

1. “Apesar de tudo isso, gosto de estar aqui, me sinto bem convivendo com tanta gente legal” (relato de Técnico Administrativo).

2. A relação de liberdade e proximidade entre professores e alunos construída ao longo dos anos no CEMUNI sempre foi apontada como um dos principais pontos positivos da Escola. Haja vista o fato de professores como Clara, Augusto, Martha, entre outros, terem freqüentado a faculdade.

3. Observa-se um grande empenho em dar aulas, formar cidadãos pensantes e passar conhecimento por todos os professores que ainda não se acomodaram ao sistema de ensino.

4. A inserção do nosso curso dentro do Centro de Artes é positiva no sentido que estimula crescimento cultural, social e artístico, quesitos imprescindíveis para a formação de um bom arquiteto urbanista.

5. O número de professores em relação ao de alunos é considerado ideal. Relação aproximada de 15 alunos para cada professor com o quadro completo. Isso possibilita uma maior flexibilidade e arranjos estruturais da grade, do programa e de horários.

6. O acervo da Biblioteca Setorial é considerado bom na parte de História da Arte.

7. A possibilidade sempre presente de nos manifestarmos e termos a possibilidade de sermos ouvidos.

Cria-se aqui uma plataforma aberta de discussão sobre o curso de Arquitetura e Urbanismo!